O que é o Jogo?

Vitor Fernandes, Fevereiro de 2013

Monografia apresentada ao curso de ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca como avaliação bimestral da disciplina de Educação Artística.

Orientação: Prof. Eduardo Gatto.

Outros autores

Em Fundamentals of Game Design (2007)2 de Ernest Adams e Andrew Rollings, jogo é conceituado como sendo uma atividade real, em que os jogadores devem, a partir de regras determinadas pela mecânica do mesmo, conquistar seus objetivos, ficando, desse modo, satisfeitos com o resultado (p. 5). Como demonstrarei no próximo tópico, realmente existem jogos em que há um evento real. Mas seria esta uma condição crucial para o jogo? Isto impossibilita uma forma abstrata de jogar. Com este conceito, não existe mais a chance de utilização do imaginário que um jogo pode criar.

Outra obra utilizada para este tópico foi Rules of Play (2004)3, escrito por Katie Salem e Eric Zimmerman. Os autores dão o conceito de que jogo é um sistema em que os jogadores estão envolvidos em um conflito artificial, tendo sido gerado pelas suas regras, recompensando os participantes, ao final, com resultados quantificáveis (p. 80). Neste conceito percebi que os autores, ao contrário dos anteriores, não cogitam a possibilidade de existir um jogo em que os acontecimentos sejam reais.

Pelo fato da imposição ser algo que não atrai quem a recebe, jogo é um evento que acontece sem haver uma obrigação para a participação. Possui, ainda, cenários contendo limites para que ocorram as ações dentro do jogo. Também faz com que os indivíduos que participam do mesmo entrem em um mundo imaginário, fugindo da realidade que presenciam. Além disso, os resultados do jogo são imprevisíveis, sendo definidos por regras bem delineadas. Este é um conceito criado pelo francês Roger Caillois em sua obra Les Jeux et les Hommes (1967, p. 11 e 12)4. Dentre os três primeiros conceitos, este é o que mais se aproxima da minha ideologia. Existe, porém, o mesmo problema de não possibilitar ambas, realidade e abstração, ao falar de jogos.

Percebe-se até aqui uma necessidade de haver regras para um jogo, o que dá a consistência de uma das características fundamentais desta atividade.

Gramigna diz, em seu livro Jogos de empresa (1994)5: "o jogo é uma atividade espontânea, realizada por mais de uma pessoa, regida por regras que determinam quem o vencerá" (p. 04). Com isso, ele quer dizer que, como forma de expressão por parte do ser humano, jogo é algo que utiliza de regras para que duas ou mais pessoas compitam entre si, determinando, ao final, um vencedor e, como consequência, um perdedor.

Aqui, o problema está relacionado com o número de participantes. Ao me deparar com este conceito, conclui que não há jogo quando existe apenas um participante. Apenas uma equipe de duas ou mais pessoas pode delimitar um jogo. De acordo com os tipos de jogos abordados no próximo tópico, isto é um equívoco ao conceituar jogo.

É possível perceber até o momento que os jogos proporcionam resultados ao final. Estes resultados, muitas vezes podem satisfazer o jogador, outras, podem deixá-lo descontente. Portanto, há uma busca por um objetivo quando um jogo é utilizado. Este deve ser atrativo e satisfatório para que o jogador volte a jogar mais vezes. Um dos principais objetivos do jogo é a vitória do participante que, por consequência, leva outros indivíduos à derrota. Percebe-se, então, mais uma característica fundamental para o jogo.

Enquanto analisava a formação da racionalidade, no texto Investigações Filosóficas6, Ludwig Wittgenstein parte do princípio de que não é adequado o uso de entretenimento, regras e competição para definir jogo, pois estas características são incompletas. Além disso, não é correto reunir os jogos em geral em apenas uma definição. Todos os tipos de jogos possuem características únicas que, em conjunto com outros jogos, podem formar muitas combinações para conceitos.

Este é um conceito mais sofisticado no que diz respeito à consistência. Muito bem definido, pode atrair e persuadir quem o presencia. Porém, se for utilizado neste texto, será uma fuga ao objetivo principal (a definição de jogo).

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